domingo, fevereiro 26, 2006

És demasiado para mim

© Pedro Araújo













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Quando entro em ti envolves-me com a violência pacífica de um oceano quebrado, quase mortífera de tanto me quereres, quase suicídio de tanto querer estar em ti.

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Ris-te para mim. Choras. Por vezes, o som dos teus passos a retroceder entre a pedra e a parede. Ainda o som da tua voz. Das tuas vozes - quase não te reconheço, mudas de voz a cada minuto, és intensa, mas sei que és tu porque há uma voz tua só para mim, tão minha que me preenche como gotas de chuvam que gesticulam as tuas palavras nos meus olhos, enquanto sorris dançando nos parapeitos das janelas.

.....De tanto te querer chego a ter medo de entrar em ti. Há muito que te percorro, mas ainda te desconheço demais para deixar de sentir como se fosse a primeira vez, eu todo medo, reduzido ao infinito de mim mesmo no início do fim de ti própria.

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És demasiado grande para mim. Por isso te olho da janela. Te namoro.
.....Aqui não me chega o teu cheiro, e se quiser nem mesmo a tua imensidão. Só a tua voz, que se filtra até mim em mil cadências, por entre as pedras, as paredes e as janelas, e entra em mim com a coragem que eu não tenho para entrar em ti.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Hey. Too bad I don't speak portuguese. I have an idea of what you are saying cause I speak some spanish, still I find it too difficult to make sense out of it or at least make sense and enjoy it at the same time. Your words (that what I make of them) remind me of poems I read before. The way of saying things, the way of structuring the sentence, the tone of voice I imagine with it, the way of using the words - selecting them carefully and yet they remain so simple... all this makes it beautiful to me even though I barely understand and the actual message remains buried to me and left un-Said.

9:38 da tarde  

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